A organização das pesquisas é plástica e contínua; sim, uma contínua reconstrução do pesquisador diante da aprendizagem e dos meios de realização, levando a uma reelaboração dinâmica e instável, que também é inegavelmente duradoura, se observada que já remontam ao início dos anos 1980. Basicamente, ao longo de toda a minha atividade profissional (desde 1982), permanecem as mesmas linhas de pesquisa, obviamente atravessando diferentes momentos, indagações, processos de formulação e dúvida. É o desdobramento e amadurecimento de um projeto começado lá, na escolha ainda na saída da faculdade por ser professor, e ser professor era e é indagar o mundo, questionar a cultura contemporânea em suas formas sensíveis e materiais.
É importante que destaque o vínculo contínuo no meu projeto de conhecimento como um projeto de ensino e o projeto de ensino como um projeto de conhecimento e indagação. A um tempo, são uma mesma construção, percurso, aprofundamento. Permanecem abertos, indeterminados, instáveis, dinâmicos, em continuada reflexão e reorganização diante de avanços, de amadurecimentos, de impasses, de inquietações, de possibilidades ou sua restrição. Nesse sentido, a própria extensão tem de se ressignificar, para mim, embora possa ter a dimensão de formação e difusão, a extensão é uma experiência tão intensa e criativa como todas as outras.
Mantemos duas linhas de Pesquisa e Ação, que articulam os pesquisadores, atividades docentes, disciplinas, cursos livres e trabalhos colaborativos com comunidades e instituições. Essas duas linhas de trabalho são desenvolvidas de modo relacionado e interdisciplinar, ambas definindo a filosofia, proposta e atividades do NEP. Contribuem para um debate ativo da cultura contemporânea entendida em seu sentido histórico, para o conhecimento dos meios sociais de produção das paisagens e suas formas de valoração, apropriação e gestão, correlacionando-as com as permanências, mudanças comportamentais, visões de mundo.
Arte, Natureza e Cidade. História da Cultura e da Paisagem: Representações e Poéticas
São pesquisas desenvolvendo estudos de história cultural da natureza, da paisagem, da cidade e dos saberes e processos criativos do projeto do espaço, com foco nos campos da representação e do imaginário, da construção e transformação de significados, valores e comportamentos.
Os estudos se dão através de ensaios sobre as representações em documentos diversos em sua construção histórica: narrativas, memórias, relatórios, artes plásticas, música, cinema, literatura, ciências e nas configurações do espaço natural e habitado em sua transformação, inserindo mutuamente cultura e espaço (paisagem). São em sua maioria estudos de acadêmicos em fontes primárias e secundárias, mas podem incluir quando possível narrativas de vida e outras formas de contribuição da memória vivida ou das narrativas familiares e tradicionais.
Desde o final de 2016 estes estudos estão organizados no projeto A Natureza e o Tempo (o Mundo)
Paisagem, Cultura e Participação Social: Processos Colaborativos, Ações Educativas e Políticas Públicas
Estudos de paisagens em suas dinâmicas naturais e urbanas e das especificidades culturais e arranjos ou apropriações espaciais referentes a determinadas comunidades ou grupos sociais, sobretudo em condições de exclusão. O que caracteriza o trabalho é a conexão essencial entre pesquisa e aprendizagem partilhada e colaborativa entre os pesquisadores e na construção de conhecimento com comunidades e escolas públicas, superando a separação entre Ensino, Pesquisa e Extensão no processo acadêmico de construção de conhecimento.
É inevitável a interface, eventualmente propositiva, com instâncias da gestão e das políticas públicas a partir da apreensão crítica das percepções, valorações, modos próprios de construir e significar paisagens das comunidades envolvidas e do conhecimento acadêmico sobre a natureza e a cidade. Nesse sentido, coloca-se o desafio de não cair nem na sua idealização pela supressão de suas contradições e disputas internas, nem (desafio ainda maior) negar a outros sujeitos que lhes são (ou também nos são) antagônicos, as próprias razões, sem com isso nos eximirmos de um necessário posicionamento ético e crítico.
Trata-se de um esforço interpretativo desvendado na experiência do real e no convívio, que ainda assim precisa ser qualificado, e que se direciona a uma capacidade de transformação fundada em princípios solidários e colaborativos.
Esta linha de pesquisa está na origem do LabCidade em 2009 constituindo seu Núcleo Direito à Cidade e ao Ambiente.
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