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SOBRE A CULPA


Euler Sandeville Jr,
22/05/2017 (revisão 18/01/2018)


Este é um texto para pessoas que sentem culpa. Sobretudo uma culpa severa. A culpa pode tomar conta tanto de pessoas que têm fé como das que não a têm. Mas uma coisa é certa, a culpa pouco tem a ver com Deus e com os ensinos bíblicos. De fato, há na Bíblia trechos bastante severos, de advertência quanto ao pecado, à idolatria, à luxúria, à ganância; enfim, e acima de tudo, contra a apostasia que é a recusa do conhecimento de Deus. Mas não há jamais textos bíblicos de conformação e autossatisfação com a culpa.

Alguns trechos são bastante severos, e se dirigem aos religiosos, não aos que não creem. Talvez um dos mais severos, que pesa sobre aquele que viveu longamente em grandes pecados, esteja em Hebreus 6.4-6:

É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.

Muito já se discutiu sobre esse trecho, e obviamente não é dirigido a quem comete um pecado eventual, mas àquele que vive em pecado, como também está na Primeira Carta de João (3.4-6):

Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.

Mas o que isso significa? Que se um cristão viver em pecado não há mais lugar para arrependimento? Que não há como sacrificar Cristo uma segunda vez para expiar sua vida de pecados? A condenação é a única expectativa que lhe resta? O bom senso diria que não, mas a culpa é algo devorador. Vamos lembrar que o Próprio Pedro negou três vezes a Jesus no momento em que este ia para a cruz.

E o que fez Pedro? Tomou coragem e foi a seu mestre? Não, possuído de vergonha “saindo dali, chorou amargamente.” (Mateus 26.75). Sua cura não viria da sua culpa. Sem dúvida amava ao Senhor, como vemos estar ele entre os que correm ao túmulo, ou quando se atira na água ao ver Jesus na praia. Isso merece um estudo à parte.

Sua cura vem quando Jesus, ressuscitado, o acolhe. Não só recebeu o perdão de Jesus, mas uma nova grande responsabilidade, quando Jesus lhe pergunta três vezes se Pedro o amava (João 21.15-17). Penso que não é apenas o significado entre ágape (o amor divino) e fileo (a amizade) que está nessas perguntas, mas é sobretudo a superação proposta para Pedro pela compreensão de sua culpa, do momento em que negara a Jesus três vezes, fazendo-o sentir-se incapaz de estar novamente à altura do mestre. Veja que foi um convite a um processo de compreensão e cura.

Um pouco antes disso, Pedro e os discípulos de Jesus estão pescando noite afora, sem conseguir nada. Quando reconhecem Jesus na praia, Pedro corre a Jesus. Quando chegam, Jesus já havia preparado brasas e peixes estavam assando à espera deles, também com pão. Jesus lhes preparara uma refeição, mas pede também que tragam os peixes que haviam pescado (João 21.9,10). Quando Pero negara a Jesus, seguindo-o temeroso até o lugar em que Jesus era martirizado, aquecia-se junto aos soldados, assustado diante de um braseiro. Jesus lhe oferece agora outro braseiro, com alimento que ele mesmo lhe preparara, e que recebia o que haviam pescado sob sua orientação.

Foi depois desse momento, que deve ter sido muito vivo para Pedro, que Jesus lhe pergunta três vezes se o ama. Pedro o ama, mas é imperfeito, impetuoso, e negara ao seu mestre. Ora, Jesus termina esse diálogo, que entendo que é um convite a Pedro para descortinar não o que foi, não sua falha, mas aprendendo com ela e compreendendo, descortinar o que lhe está por vir. Jesus termina dizendo: Segue-me. Não basta saber que erramos, nem chorar amargamente, é necessário ser ainda mais uma vez acolhido por Jesus e ouvir o convite: Segue-me.

1 Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e foi assim que ele se manifestou: 2 estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. 3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também nós vamos contigo. Saíram, e entraram no barco, e, naquela noite, nada apanharam.

4 Mas, ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia; todavia, os discípulos não reconheceram que era ele. 5 Perguntou-lhes Jesus: Filhos, tendes aí alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. 6 Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. 7 Aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste, porque se havia despido, e lançou-se ao mar; 8 mas os outros discípulos vieram no barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados.

9 Ao saltarem em terra, viram ali umas brasas e, em cima, peixes; e havia também pão. 10 Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. 11 Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, não obstante serem tantos, a rede não se rompeu. 12 Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam que era o Senhor. 13 Veio Jesus, tomou o pão, e lhes deu, e, de igual modo, o peixe. 14 E já era esta a terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos.

15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. 16 Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. 17 Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. 19 Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me.
João 21.1-19


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