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SOBRE INJUSTIÇA, VIOLÊNCIA E PRECONCEITO

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NÃO SEJAIS PARTICIPANTES DOS SEUS PECADOS


Euler Sandeville Jr,
31 de janeiro de 2021, 17 de janeiro de 2022


Como cristão devo buscar a justiça, a verdade, a paz, não compactuar com a injustiça, não caminhar segundo as aparências deste mundo presente, mas segundo a comunhão com Deus e segundo seu evangelho. Isso deve ser suficiente!

Os tempos em que estamos vivendo são por demais sombrios e confusos, de modo que vou tocar em alguns dos pontos difíceis e recorrentes do nosso tempo contemporâneo. Como uma pessoa de meu tempo, tenho convicção de que a democracia é uma resposta social e política privilegiada para nosso tempo, na medida em que seja um sistema que garante liberdade e responsabilidade de todos, ambas as coisas e não só uma delas. Penso também que a política só faz sentido quando é a busca do interesse comum, o debate e a decisão ética de sua construção.

Porém - e essa é a razão da extrema depreciação dessa palavra em nossa cultura -, a política carece de sentido quando se torna a disputa do particular sobre o geral, seja pelo interesse partidário, pessoal ou de grupos que visam o lucro, ou o poder, ou a influência, ou ainda a disputa de narrativas particularizadas e profundamente identitárias que perdem de vista sua inserção em um campo social mais amplo e não raro antagônico, certamente complexo.

Entendo que posições diferentes no espectro político devem ser respeitadas e debatidas. Porém, digam-se progressistas ou conservadoras, não são aceitáveis quando se associam, como estamos vendo nestes anos, ao crime, ao despeito, a formas destrutivas, à ironia contra a vida, à disseminação do ódio. Nesses casos, já não é mais a diferença ou preferência política e ideológica que está em causa, mas a diferença ética.

Qualquer cidadão, cristão ou não, tem assegurado, na democracia, o direito de suas preferências políticas, mas não têm o direito de enveredar por um ambiente antiético, de violência, de mentira, de sedução, de ilusão, de destruição.

Como cristãos, somos orientados pela Palavra a respeitar todas as pessoas e governos, o que é justo e bom. Porém, isso não a justifica compactuarmos com governos humanos em sua insanidade ou em suas injustiças, como nos mostram o Antigo e o Novo Testamento.

Certamente, as lutas deste século (gr. aion) não são as nossas e embora possamos contribuir com o que é bom, justo, saudável e sábio, não podemos participar do que é injusto, opressor, corrupto, violento, preconceituoso e enfatuado com o que é vão. Somos chamados pela decisão de fé a andarmos com humildade com Deus, que sabemos, não se compraz com coisas injustas, como está registrado nas Escrituras.

Não somos os primeiros a viver em tempos ruins, embora nosso tempo seja sombrio. Por outro lado, foi neste tempo, e não em outro qualquer, que Deus nos concedeu vivermos. Os antigos perguntaram que comunhão há entre Jerusalém e Atenas, ou Roma, ou como na carta aos Coríntios, entre Cristo e Belial, ou ainda podemos perguntar entre a Igreja e Babilônia (os sistemas do mundo)? Por isso, não é de hoje que dizem as Escrituras, não sejais participantes de seus pecados:

Saí do meio dela, ó povo meu, e salve cada um a sua vida do ardor da ira do Senhor. Jr 51.45

Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; 2Co 6.17

Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Ap 18.4.





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