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ESTUDOS NO NOVO TESTAMENTO

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CONVIVENDO DE PERTO COM O ENGANO


Euler Sandeville Jr,
Janeiro de 2018


O Novo Testamento está encadernado dispondo os livros comungados por toda a cristandade em uma ordem que primeiro apresenta a vida de Jesus nos quatro evangelhos e o inicio da igreja no livro de Atos, seguido por um conjunto de cartas escritas em diversos contextos. Mesmo essa série de 21 cartas que integram as Escrituras cristãs são muito distintas entre si, seja na data em que foram escritas, a quem se dirigiam, o contexto em que foram escritas, o tipo de assunto que tratam.

A carta escrita por Judas é um pequeno texto, encadernado logo antes do último livro, o Apocalipse. Sua brevidade e o tom de severo de advertência contra falsos cristãos, com pouca exposição doutrinária e bastante sintética, encadernada no fim do volume, leva muitas vezes a não nos determos nela. Quase toda é formada por um único tema, que tem um paralelo notável com um trecho em meio à 2 Pedro 2.

Se não apresenta doutrina, não relata a salvação, esperanças do futuro, a situação de perseguição dos irmãos ou conselhos para a vida cotidiana dos irmãos, qual foi a intenção e urgência que moveu seu autor? Pouco nos diz sobre quem era seu autor, senão que era servo de Jesus e irmão de Tiago; a primeira afirmação o localiza com clareza e firmeza, também humildade, diante do assunto que irá tratar e do modo como se dirige a seus interlocutores; a segunda, o situa na comunidade em que estava e da qual nos restam para conhecê-la apenas possibilidades interpretativas. Provavelmente porque os irmãos a quem se dirigia eram bem conhecido do autor, como muito provavelmente o eram também dos apóstolos (v. 17, 18a [1]), sendo suficiente essa apresentação para um escrito rápido e objetivo.

Do ponto de vista histórico e crítico dos estudos da Bíblia e da fé muitas questões foram levantadas quanto a essa carta, como é comum a todos os textos bíblicos. As principais parecem referir-se a quem seria seu autor, se seria um pseudoepígrafo ou não, a data em que foi escrita, a semelhança do conteúdo da carta com trechos expressivos em 2 Pedro e, talvez a mais polêmica, o uso contundente de literatura apócrifa pseudoepígrafe que circulava entre judeus e cristãos no I e II séculos, mas não incluída no cânon das Escrituras [2].

O aceite da carta escrita por Judas, irmão de Tiago, foi quase unânime nas igrejas, atestada por literatura muito antiga que remonta ao inicio do II século, bem como pelas coleções mais antigas dos textos sagrados [3]. Meu interesse aqui não é entrar por essas questões, aliás muitas delas tratadas de formas criativas pela erudição, mediadas muitas vezes mais por interpretações fundadas na imaginação do que nas evidências. Quero algo mais simples, e próprio da fé, usufruir o texto, tal como o temos.

Inicialmente sentei para escrever sobre Enoque, como é citado na carta de Judas. Pretendia completar o estudo desse homem citado apenas em 3 lugares nas Escrituras, Gênesis, Hebreus (sobre os quais já escrevi em outro momento [4]) e Judas, completando com este um estudo sobre Enoque tal como é mencionado nas Escrituras. Acontece que em Judas Enoque é mencionado em contradição com falsos mestres e, curiosamente, Judas utiliza para fazê-lo o livro apócrifo de Enoque.

Devemos considerar relevante – não casual – a intensão de Judas ao proceder assim nesse contexto. Embora esse livro tivesse ampla difusão e circulação entre judeus nos seculos II a.C. a II d.C., não era canônico nem para judeus nem para cristãos. Outros apócrifos são citados por Judas e entendo que com a mesma intencionalidade ao utilizá-los. Muito se discutiu a carta de Judas por fazer referência a esses apócrifos, para dar força a seu argumento.

A minha intenção não era tanto me deter nessa polêmica, mas apenas ver como Enoque é apresentado no pseudoepígrafo e como é trado por Judas, que trechos são citados, qual a razão do irmão de Tiago ao fazê-lo e o que ficamos sabendo desse que foi um dos primeiros profetas. Como não seguirei esse caminho, quero apenas destacar que Judas utiliza três referências de autoridade para seu argumento contra os falsos irmãos e falsos mestres, no âmbito das quais penso que devemos entender o material utilizado dos apócrifos.

Primeiro, a própria experiência da presença de Deus e submissão a Ele, como diz,” nossa salvação comum” e a “fé confiada aos santos” (v.3) a qual se deve guardar, ou seja, o próprio discernimento que o Espírito Santo dá a todo o que é nascido de novo. Segundo, é o fundamento apostólico, das testemunhas que andaram com Cristo desde o início, e que avisaram sobre os riscos que se seguiriam (v. 17). Por fim, na construção de sua advertência destaca que tanto nas Escrituras, quanto na literatura dela derivada e de uso comum, para nosso ensino estavam previstos e condenados esses erros, daí porque retira delas argumentos que deveriam ser bem conhecidos de seus leitores, versados na cultura judaica e helenística. Ou seja, conheciam a história de Coré, por exemplo, e as lições a seu respeito, para saber o sentido que Judas lhe empresta ao citar o caminho de Caim, Balaão e Coré.

Entretanto, ao ler a carta de Judas procurando entender o contexto em que emprega o apócrifo ao citar Enoque, outras questões mais importantes foram se colocando. Importantes, porque vivemos em tempos que se assemelham de modo ainda mais grave às condições apresentadas em Judas, em meio a erros dissimulados, a pessoas que usam da igreja para finalidades de projeção e enriquecimento pessoal afastando-se da fé e levando outros ao erro e por vezes ao ódio, à mentira, à licenciosidade. Uma das questões que me ocorreu perguntar é como reconhecer o erro, já que sua disseminação se assenta em sua dissimulação, em sua aceitação pelo lugar comum em que se propõe. Mais importante ainda, como deve o cristão agir segundo a Palavra de Deus, em tempos em que o fundamentalismo não indica uma adesão aos fundamentos legítimos, mas a uma postura de incompreensão e intransigência ou, inversamente, à mera aceitação e assimilação das contradições que se apresentam, diluindo as diferenças e convicções.

Para esta reflexão reconheci a pequena carta dividia em três conteúdos. O primeiro, dos versos 1 a 4 [5], dirige-se à igreja e apresenta a razão da carta, de modo claro e direto. Os versos de 4 a 19 apresentam a natureza espiritual da ação de certos indivíduos contrários ao evangelho, que procuravam se apropriar da igreja para fins próprios. Os versos 20 a 25 retornam à vida da igreja.

Nesse sentido, a carta pode ser bem atual, em dias de pós-modernidade e de uma história eclesiástica pulverizada de ambiguidades, em que as igrejas se deparam com questões de natureza moral e existencial, de satisfação pessoal, de apropriação e manipulação político partidária e ideológica, de práticas e costumes os mais acerbados. Atual, não pelas doutrinas ou desvios e pecados colocados em discussão, mas pelos princípios que operam no desvio da fé e da prática do evangelho ou, inversamente, dos que na fé e na prática do evangelho persistem.

O problema apresentado no verso 4 indica que certos indivíduos insubmissos a Deus, voltados apenas para sua própria satisfação, se infiltravam na igreja (na tradução da Bíblia de Jerusalém – BJ), ou se introduziam com dissimilação (na tradução da Almeida Revista e Atualizada -ARA) [6]. Esta é a primeira coisa a se considerar. Pessoas sem uma conversão genuína procuravam não apenas o convívio dos cristãos, mas com eles indicando se assemelhar negavam o evangelho, o ensino de Jesus e dos apóstolos, e mesmo a fé. Ainda no verso 4 [7] vemos que o problema se realizava em dois níveis, um negando a graça de Deus em função de seus próprios desejos egoístas, outro negando o senhorio de Jesus Cristo. Assim resume-se advertência semelhante em 2 Pe 2.1-3:

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.

Considerando a dimensão essencial desses dois pontos introduzidos por Judas na carta, surpreende como possam ter encontrado acolhida naquele meio evangélico. A explicação parece ser de que produziam tanto a dúvida (22 [8]) quanto partidarização conflitiva (19 [9]), e sedução no nível comportamental em função dos desejos (18 [10]) , sendo contrários ao Espírito, ou seja, capazes de uma vida exclusivamente psíquica (10, 19 [11]). Devemos lembrar que, como hoje, existimos em um contexto social e cultural que permeia nosso comportamento e afinidades. Se formos ver, isso poderia levar a igreja a ter que discernir, mas também à dificuldade de discernir o que é legítimo e o que não é, que elementos do século presente são de conformação a valores contrários ao evangelho, lentamente assimilados e incorporados pelo convívio habitual. Daí a necessidade de Judas advertir aos irmãos.

Ficaria mais fácil se pudéssemos definir a constituição do evangelho. E podemos, de uma forma sintética, recorrendo aos valores indicados no chamado Sermão do Monte (Mt 5.1-7.28), se acompanhados em uma condição de fé. Podemos ver também como esses embates e desvios se impõem na igreja, mesmo contrários a ela. Para tal nos ajuda a parábola do semeador (Mt 13.3-23 [12]), geralmente utilizada para indicar a conversão, mas que ganha amplitude se considerarmos que a vida cristã não se define apenas na conversão, mas no crescimento espiritual (2 Pe 1.3-11 [13]; 1 Jo 1.5-2.6 [14], 2.12-17 [15]) e que isso decorre de um caminhar.

Se observarmos bem, é o que nos diz Judas ao final de sua epístola. Tendo começado com um convite a reconhecermos que fomos amados e guardados por Deus em Cisto, nos convidando a experimentar a abundância da Sua misericórdia, paz e amor (2 [16]), expõe os valores contrários a estes (5-19) e nos adverte para cultivarmos a santidade da fé e da oração, no amor e na misericórdia de Deus e da esperança futura (20, 21 [17]), coisas que ainda hoje são vistas com desdém diante do individualismo de autossatisfação.

Com relação aos demais afetados por esses erros, ao contrário do que tantas vezes vemos hoje, Judas nos convida à compaixão, à misericórdia, ao invés do que se vê hoje, em que a defesa da fé parece o julgamento e condenação do outro, coisas que só a Deus pertence (Rm 2.1-4 [18], Ap 5.1-5 [19]). O convite de Judas é, assim, convergente a todo o sentido do evangelho, da humildade (Mt 20.26-28 [20], 1 Pe 5.6 [21]; Mt 5.3-9 [22]; 6.5-8 [23]) e oração diante de Deus (20 [24]) que deve os mover.

Qualidades que para o mundo presente são sinais de fraqueza nada têm a ver com isso (1 Pe 5.9-11 [25], 2 Co 12.9-10 [26]; Fp 4.13 [27]). Mas como ver que o evangelho de Jesus Cristo é distinto do que pregavam e praticavam esses homens desprovidos do conhecimento de Deus, ainda que se dizendo sob o signo da fé? No que diferiam em seus princípios e práticas do evangelho de Cristo? E o que ofereciam no seu lugar?

Antes de desenvolver este último aspecto, é preciso dizer que Judas não trata de um problema isolado, e não apenas por causa da aparente dependência entre Judas e 2 Pedro. Também enfrentam situações que lembram essas, ainda que em maiores detalhes, as cartas de Paulo aos Coríntios, deixando claro que as situações de desvio não se revelam apenas pelo erro aberto, declarado, mas pelos campos de sombra dos costumes e doutrinas. Não é também assim que encontramos a advertência às igrejas mencionadas em Apocalipse 2 e 3, ou em diversos outros momentos das Escrituras? É importante perceber que Judas não os nomina, apenas os expõe mostrando a natureza e o fim de suas práticas, e como estão previstas para nosso ensino e advertência. O que aqueles homens faziam não se reduzia apenas a preferências humanas, mas era de fato uma rebeldia contra Deus que visava levar ao erro e a fazer tropeçar.

Lembremos a motivação de Coré (Jd 11 [28]), que Judas menciona, e dos que com ele interrompem o processo de revelação e comunhão com Deus proposta no Sinai; primeiro estabelecem a insatisfação e a dúvida:

Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do SENHOR?” (Nm 16.1), para depois proporem o retorno ao Egito (a terra da escravidão): “porventura, é coisa de somenos que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para fazer-nos morrer neste deserto, senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós? Nem tampouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; pensas que lançarás pó aos olhos destes homens? Pois não subiremos. (Nm 16.13-14).

A fala é ardilosa. Também Balaão, igualmente citado em Jd 11, advertido a não amaldiçoar o povo de Deus (Nm 22 a 24) para ganhar o prêmio que lhe oferecia o rei de Moab, ensina como levar o povo a pecar, o que de fato acontece (Nm 25). Mas esses acontecimentos não são prontamente evidentes para nós. Em Nm 24 Balaão se recusa a amaldiçoar Israel, levando muitos a entender que ele era um profeta do Altíssimo, o que nunca foi apesar de ter profetizado uma revelação e ordenamento de Deus. Nem ele nem o rei de Moab se arrependem. Mas se desobedeceu ao rei, em tempos em que isso custaria a vida, como então vai embora e ainda recebe sua paga? Porque algo mais aconteceu naquele momento. O resultado está em Nm 25.1,2: “Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel”.

Mas é somente em Nm 31.16 que se revela o ardil de Balaão, até então encoberto e dissimulado aos nossos olhos na leitura do capítulo 24 em que se recusara a amaldiçoar e profetizara a favor de Israel: “Eis que estas [mulheres], por conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o SENHOR, no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do SENHOR.”. Aos olhos dos incautos Balaão passaria por profeta do Altíssimo, pelas aparências de sua atitude ao profetizar o bem para Israel e pela dissimulação de sua atitude de conduzi-lo ao pecado. Por isso Judas afirma que “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” (Jd 4), tornando necessário que ele redirecionasse sua carta para alertar quanto ao que estava acontecendo no seio da igreja ainda no primeiro século.

Vejamos então em que consistia o ânimo desses que assim procediam e se introduziam na igreja dissimulando a própria incredulidade e condição existencial, deturpando o caminho do evangelho e o amor a Deus em Cristo e uns aos outros. Do texto de Judas ficamos sabendo que:

  • são dissimulados e procuram enganar sem serem notados,

  • seguem suas próprias necessidades e desejos sem se importar com os outros,

  • entregam-se à corrupção e aos desejos carnais e intensos das paixões,

  • seguem fábulas e imaginações, difamam tudo o que não entendem e são rebeldes à vontade de Deus,

  • difamam os outros, rejeitam qualquer autoridade, dotados de uma atitude orgulhosa,

  • descontentes com a vida cultivam o caminho da inveja, da amargura e do ódio contra o próximo,

  • movidos por ganância tratam as coisas de Deus por ambição pessoal, enganando e, se lhes convém, incitam a desavença para conquistar posições que consideram mais elevadas,

  • ocultam o mal que fazem levando outros ao erro cuidando apenas de si mesmos,

  • são irreverentes aparentando algo que não são,

  • são inconstantes e tempestuosos, orgulhosos de seus erros e incorrigíveis diante da advertência, são arrogantes e aduladores agindo apenas por interesse pessoal,

  • são escarnecedores, sensuais e promovem divisões,

  • suas murmurações não revelam descontentamento justo, mas um estado de alma que tem por finalidade andar de acordo com o próprio desejo e criar insatisfação para se promoverem.

Uma lista e tanto, havemos de convir, de personalidades negativas. Não se trata, entretanto, só disso. São motivados de fato pelo erro, mesmo que não o compreendam movidos por suas paixões. Essas coisas acima indicadas são maldades, e acobertam maldades [29]. Sua revolta e inquietação não é contra os homens, mas resultado de uma postura insolente, entregue às ilusões da vida e contrárias a Deus, embora estejam e convivam entre aqueles que confessam e buscam a Deus. Ao fazerem isso estão negando a autoridade de Deus e de Cristo, contra quem de fato sua revolta e inconstância se dirige. Agem assim porque não conhecem o Espírito, restando-lhes agir segundo seu senso natural v. 10, 19), suas próprias convicções e desejos, segundo o discernimento psíquico enraizado na necessidade de satisfação de sua arrogância. Ao fazerem assim, manipulam e ludibriam, para obterem o que querem.

Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros. (Gl 5.16-26).

Paulo, no trecho acima, descreve a condição espiritual, e o risco do cristão ficar enganado na fé, ao opor com clareza os frutos da carne ao fruto do Espírito. Como podemos ler, “os frutos da carne são” muitos, mas o do “Espírito é”, apresentado no singular. O que significa que o fruto do Espírito é íntegro, indivisível. Não é possível ser no Senhor a um tempo lascivo, idólatra, alegre, manso; isto é possível na personalidade humana, na psique humana. Estas ainda não são qualidades do Espírito, mas do homem que não conhece a Deus. O fruto da comunhão com Deus é um só, ou seja, todas elas ao mesmo tempo: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Não é produzido pela força nem pelo esforço que se revelam nas aparências, mas no coração que se curva a Deus permitindo-se ser transformado. Não é preciso dizer que o que segue e ama a Deus erra, bem sabemos que erramos [30]. Há uma diferença entre o crescimento espiritual e a satisfação egoísta da carne, e a motivação sincera de buscar a Deus e segui-lo é o que indica aquele que o ama, e o separa daquele que é tão somente um religioso.

Daí por que Judas mostra aos seus leitores, e os convida a isso, que o caminho do cristão, do que verdadeiramente crê, é demarcado por outra condição, por outra disposição íntima, procurando a edificação, isto é, a comunhão mútua na fé e portanto tendo cada um em vista o crescimento do outro [31], não confiando em si mesmo para a jornada, mas repousando e colocando sua confiança em Deus [32] e na misericórdia e no amor de Jesus, que nos pode guardar [33] mesmo sabendo que somos incompletos e fracos [34], passíveis de erro. O que conheceu a Deus desenvolve uma postura humilde diante Dele [35], porque sabemos quem Ele é e quem somos [36], e o quanto sua graça é que nos convida ainda à santidade.

Quanto aos que estão no erro, Judas indica o caminho que devemos adotar, o de recusa do erro sem qualquer transigência, tendo consciência de que podemos errar nas mesmas coisas, aprendendo a seguir a Deus e procurando agir com compaixão, mansidão, sabendo que estão caminhando para a destruição aqueles que se deixam levar por esses erros dos que querem pensar apenas em si mesmos à revelia de Deus.

Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! Jd 20-25.

Diante disso nos resta um exame mais profundo de nossas vidas, motivações e atitudes. Como tenho lidado com o erro? Essa pequena carta de Judas me convida a pensar nisso, e a crescer no caminho da verdade, em oração. Mas também a fazer um profundo exame do que tem dirigido minhas práticas em diferentes momentos.

Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu. (1 Jo 3.23, 24).

Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito. (1 Jo 4.7, 13)

E no que vou meditar então? Pareceu-me lúcido retomar o fundamento das preocupações de Judas e dos demais servos do Senhor, e voltar a Mateus 5 a 7, que por sinal conclui com uma nota de advertência sobre os falsos profetas. Fixemos o olhar no que recebemos. “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: ”, e ele segue:

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno. Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério. Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. 3 Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.

E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]! Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.

Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.

Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão. Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem? Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.

Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.

Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.

Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

NOTAS
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1 “Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, 18 os quais vos diziam: ” Jd 17,18.

2 “Não pode haver dúvida que Judas conhecia e fez uso de pelo menos dois apócrifos, a Assunção de Moisés e o Livro de Enoque, e provavelmente doutros também, tais como o Testamento de Naftali no v 6, e o Testamento de Aser no v 8. Judas cita Enoque livremente. É um apócrifo longo, provavelmente composto em períodos diferentes, desde o século I a. C. até o século I d. C. No v. 14 chama Enoque de “o sétimo depois de Adão”, descrição esta que ocorre em Enoque 40:8, e há muita coisa em Enoque que é usada na descrição que Judas fez dos anjos caídos nos vv 6 e 13. (…) É surpreendente que os escritores neotestamentários aludem tão raramente à vasta massa de matéria extracanônica que estava circulando no século I. Paulo faz alusão ao midraxe rabínico sobre a Rocha em 1 Coríntios 10:4; o autor de Hebreus frequentemente ecoa as obras de Filo; em 2 Timóteo 3:8 somos informados que Janes e Jambres eram os mágicos que desafiaram Moisés diante de Faraó (um trecho de haggadah baseado em Ex 7:11 e achado em vários escritos extracanônicos). De modo semelhante a instrumentalidade dos anjos em dar a lei (Gl 3:19; Hb 2:2) e as declarações em Atos 7:22; Tg 5:17 e Hb 11:37, todas se referem a matéria apócrifa”. GRENN, Michael. 2 Pedro e Judas. Introdução e comentário. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1 ed 1993, reimp. de 2014, p 47. A Bíblia de Jerusalém nos indica ainda em seus comentários ao livro de Judas outros possíveis empréstimos e ecos aos apócrifos, nos versos 4, (Enoque 48.10), 6 (Enoque 12.4, 10.6), vê um pasralelo entre Jd 6,7 com Testamento dos doze patriarcas, 9 com Assunção de Moisés, 13 (Enoque 18.15s, 21.5), 15 (Enoque 1.9), 16 (Enoque 5.5).

3 “Além disto, Atenágoras, Policarpo e Barnabé parecem ter citado a Epístola no início do século II, de modo que dificilmente poderia ter sido composta depois do fim do século I. (…) Já em 200 d.C. era aceita nas áreas principais da Igreja Antiga, em Alexandria (Clemente e Orígenes), em Roma (o Cânon Muratoriano), e na África (Tertuliano). Somente na Síria é que havia objeções, e mesmo ali não poderiam ser uníssonas, pois Judas foi aceita nas recensões filoxeniana e harcleana do Novo testamento”. GRENN, op. cit., p. 41.

4 SANDEVILLE JR., Euler. Mistérios e revelações de Enoque: I. Andou com Deus. Meditações sobre a busca por Deus, São Paulo, 2017. Disponível em http://biosphera21.net.br/0-artigos-evangelho/4-TNK-1-1-Gn5-misteriosdeEnoque.html ↑ acesso em 14/01/2017. SANDEVILLE JR., Euler. Mistérios e revelações de Enoque: II. um homem de fé. Meditações sobre a busca por Deus, São Paulo, 2017. Disponível em http://biosphera21.net.br/0-artigos-evangelho/5-NT-III-Hb11-5-Enoque.html ↑ acesso em 14/01/2017.

5 “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo, a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados. Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação5, homens ímpios’’’, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” Jd 1-4.

6 No grego: παρεισέδυσαν (secretamente, sigilosamente), utilizada no Novo testamento apenas neste verso de Judas.

7 “Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” Jd 4.

8 “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; ” Jd 22.

9 “São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito. ” Jd 19.

10 “os quais [os apóstolos] vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. ” Jd 18.

11 Jd 10 “Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural [φυσικῶς], como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem.”; Jd 19 “São estes os que promovem divisões, sensuais [ψυχικοί], que não têm o Espírito.” (ARA), mas na BJ: “São estes os que causam divisões, estes seres psíquicos [ψυχικοί], que não têm o Espírito.”

12 “Atendei vós, pois, à parábola do semeador. A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.” (Mt 13.18-23).

13 “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. ois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” 2 Pe 1.3-11.

14 “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 1Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. ” 1 Jo 1.5-2.6.

15 “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno. Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno. Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” 1 Jo 2.12-17.

16 “a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados.” Jd 2.

17 “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.” Jd 20,21.

18 “Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. 2 Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. 3 Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? 4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” Rm 2.1-4.

19 “Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.” Ap 5.1-5.

20 “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. ” Mt 20.26-28.

21 “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, 7 lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pe 5.6.

22 “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” Mt 5.3-9.

23 “E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.” Mt 6.5-8.

24 “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo,” Jd 20.

25 “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém! ” 1 Pe 5.8-11.

26 “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” 2 Co 12.9-10.

27 “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Fp 4.13.

28 “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.” Jd 11.

29 Não nos esqueçamos da advertência igualmente severa em Hebreus: “Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. Isso faremos, se Deus permitir. É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.” (Hb 6.1-8).

30 “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.” Sl 51.1-3.

31 “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.” Fp 2.3,4.

32 “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.” Hb 4.10.

33 “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados [τετηρημένοις] em Jesus Cristo,” Jd 1; “guardai-vos [τηρήσατε – ser mantido] no amor de Deus [ἀγάπῃ Θεοῦ], esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.” Jd 21; “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar [φυλάξαι – estar protegido] de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,” Jd 24

34 “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” Hb 4.14-16.

35 “O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” Lc 18.11-14.

36 Tenho em mente, entre outras passagens, Jó 38.1-42.6.


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